Há poucos dias a Prefeitura de São Paulo informou que pretende retirar todas as pedras portuguesas do centro da cidade. A intenção é substituí-las por concreto a partir de janeiro de 2018 para diminuir os gastos com manutenção e melhorar a acessibilidade.
O projeto ainda tem que ser aprovado pelos conselhos de preservação do patrimônio municipal e estadual, mas desde sua divulgação tem despertado críticas, inclusive do arquiteto e urbanista Jaime Lerner, figura de proa das profundas mudanças urbanas pelas quais Curitiba passou nas décadas de 1970 e 1990 e recentemente contratado pela Prefeitura de São Paulo para pensar a requalificação do centro paulistano.
“Eu gosto do mosaico português. Sempre gostei. É uma marca de Curitiba e de diversas outras cidades”, defendeu em entrevista à HAUS na noite desta terça-feira (21), quando questionado pela reportagem sobre a questão, momentos antes de iniciar a palestra de abertura do 14º Congresso Brasileiro de Procuradores Municipais, que acontece até dia 24 na Ópera de Arame, na capital paranaense. “Desconheço as razões que levaram à decisão. Mas todos os pisos precisam de boa manutenção”, completou.
Durante seu pronunciamento oficial, não tocou em nenhum ponto polêmico, mas frisou que as cidades brasileiras não podem se desfazer de parte de sua identidade, da mesma forma que nós não jogamos fora fotografias antigas de nossas famílias.
De acordo com levantamento da Prefeitura de São Paulo, o cuidado com o piso se tornaria seis vezes mais barato com a mudança. O prefeito João Doria (PSDB) afirma que a prefeitura não teria gastos na primeira etapa da troca do mosaico português, que seria bancada pela iniciativa privada.
A prefeitura informa que o projeto será dividido em três etapas, sendo a primeira prevista para iniciar em 2 de janeiro e terminar no dia 25 do mesmo mês. A estimativa é que as obras custem R$ 30 milhões.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo respondeu com áudios do prefeito. “As pedras portuguesas serão substituídas por piso de concreto feito em placas, que tem uma melhor eficiência, evitando buracos e ondulações, dificuldade de locomoção e quedas frequentes. Elas serão reaproveitadas: moídas e transformadas no novo piso”, explica Doria.
E a prefeitura ressalta: “Edifícios históricos que mantêm uma ligação direta com a rua terão os mosaicos portugueses originais preservados, como é o caso da Igreja de São Francisco, Igreja de Santo Antônio, Teatro Municipal e Biblioteca Mário de Andrade”.